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Manual para não emigrar

Posted on 7. April 201718. November 2021 by mail@casaeva.dk


(Se udførlig dansk version: Manuel de Oliveira)

Viseu é uma cidade do centro norte de Portugal. Na sua feira de antiguidades estava à venta este livro. Interessou-me imediatamente o título: “A Escola Primária e a Emigração Portuguesa: O Manuel de Oliveira.” Seria um manual para preparar os alunos à emigração? O livro obviamente pertencia ao género misto de novela e manual prático e parecia-me interessante estudar os conceitos e métodos pedagógicos utilizados no norte de Portugal faz 100 anos. Por isso comprei o livro e descobri que o doutor Simões Lopes não tinha escrito um livro em favor, senão em contra da emigração!

A importancia da escola no pensamento republicano
Neste livro desdobra-se uma visão republicana. A visão em questão formou-se já durante a monarquia, entre políticos e pedagogos renovadores. Achavam que a nova sociedade sonhada precisaria de uma população alfabetizada, porque para viver duma maneira civilizada e participar no processo democrático o cidadão deve saber ler, escrever e contar. Curiosamente, encontramos a mesma ideia no Acto Colonial de 1930 e a Carta Orgânica do Imperio Colonial Portugués de 1930, já no Estado Novo: a primeira condição para um africano ser assimilido era: Saber ler, escrever e falar portugués fluentemente. Só em segundo lugar exige-se ter meios suficientes para sustentar a sua familia. (Eduardo Mondlane, Lutar por Mozambique.)


O livro de Lopes vai dedicado a Bernardino Machado, duas vezes presidente da Primeira República Portuguesa e grande defensor da escola e do ensino como instrumentos para formar o ”homem novo”, o cidadão ideal da República. Machado era físico, catedrático na Universidade de Coimbra, e já durante a Monarquia publicou vários livros sobre pedagogia. Os políticos da Republica acreditavam que era de primeira importância lutar contra o analfabetismo para libertar ao povo e acondiciona-lo para ser cidadãos responsáveis, e ao mesmo tempo introduziram a escola secular, independente da igreja, que foi considerado uma ferramenta de doutrinação.

(Nisto os princípios da República liberal portuguesa de faz 100 anos parecem-se com a política da União Soviética, de China, de Cuba depois da Revolução – e a do Estado Novo: nos regimes totalitários também achava-se que na escola se poderia formar uma mentalidade conforme à ideologia do regime. A diferença é que nas sociedades totalitários as mudanças tendem a passar da cima abaixo, e o ideal liberal pretende facilitar o processo inverso.)

O contexto histórico-económico do livro

O livro foi publicado pelo Centro Comercial do Porto em 1914, quer dizer no quarto ano da primeira republica, e dirige-se expressamente a pessoas do norte de Portugal. Ali muitas famílias tinham naquele momento sérios problemas económicos, em grande parte a causa do sistema de minifúndios, e a emigração, sobre tudo para o Brasil, apresentava-se como uma solução aos problemas.


A maioria dos que emigravam eram jovens rapazes. Infelizmente, no Brasil houve uma grave crise económica, e o governo republicano de Portugal procurou parar a emigração. Neste contexto aparece nosso livro.
O autor do livro, Lopes, percebe que para subsistir nas pequenas aldeias do Minho, não se pode seguir os padrões tradicionais: é preciso introduzir métodos modernos e uma organização solidária local na agricultura da região. Trata-se de aproveitar o potencial não explorado de maneira científica e racional.

A utopia: criação duma aldeia ideal

Com este fim escreve o livro, como uma ficção utópica, mas verosímil. Escolha como protagonista um rapaz, O Manuel, que depois de terminar a escola primária é destinado a emigrar para o Brasil. Mas convence ao seu pai de que seria possível viver dos produ­tos locais, se pode convencer aos vizinhos para participar. O livro contem todas as pale­stras que O Manuel da em frente da casa familiar. Cada semana vêm mais vizinhos para escuta-lo.


É fascinante imaginar a realização do projecto, organizado como cooperativo: os aldeanos edificam celeiros e um chiqueiro comum para todos os porcos da aldeia, construem uma nitreira, compram em comum sementes, máquinas, fertilizantes artifici­ais, e organizam em comum transporte e venta dos produtos.

A importância do professor
Com muitos mais detalhes conta-se como já ninguém precisa emigrar graças ao que o Manuel aprendeu na escola primária. O instigador do cambio é o seu professor ilustrado e idealista, que lhe presta os seus desenhos e provas geológicas. Concorde com isto, a dedicatória do livro vai dirigida não só às filhas do autor e à toda Escola (com maiúscu­la) portuguesa, senão ao Professorado. Os homens da República compreendiam que era importante formar professores e professoras, e já antes houve experimentos pedagógicos nas escolas e escolas móveis, e intentos de alfabetização geral.
Em 1882 o chamado método João de Deus é decretado obrigatório, com o uso genera­lizado da sua cartilha maternal. Manteve-se nas escolas móveis até 1921.

Crítica 1. O que passa com o saber mudo?
O Manuel do livro tem sucesso ao persuadir seus vizinhos para mudar de costumes na agricultura. Mas na realidade imagino que haveria problemas. Por exemplo: antes tin­ham cabras, os pastores iam com elas ao monte. No programa de Manuel sacrificam as cabras para comprar vacas e fabricar manteiga e queijo holandês. Para isso é necessário aprender novos métodos, novas habilidades, uma coisa que não se obtém de um dia ao outro. Imagino que alguns vizinhos resistir-se-iam a abandonar o saber e a experiência obtidos durante gerações, o que se chama” o saber mudo”.

Crítica 2. O que passa com os baldios?
Eu acho que um elemento problemático do projecto do Manuel é que para obter mais solo cultivável expropria os baldios e reparte o solo entre os vizinhos, porque opina que” não é rico aquele que possui muito, mas aquele que se contenta com o suficiente”. Continua:” Havemos de ser aqui uma família de bons irmãos” – e eu acredito que é uma suposição optimista demais. Nas aldeias era costume utilizar a floresta e a charneca em comum, e eu duvido de que fora possível chegar à uma decisão unânime sobre a sua di­visão em parcelas familiares segundo um principio justo. Também pode­mos duvidar se seja sustentável cambiar cabras por vacas numa região montanhosa.

Educação. Uma Mega-tendência

Hoje em dia, apostar pela Educação é uma Mega-tendência globaliza­da. O Brasil, muitos países emergentes de Ásia, a Índia e o Brasil, apostam seriamente na educação tecnológica de suas multidões de jovens cidadãos. Tambêm Portugal, no seu austero orçamento estatal para 2017, aumenta os recursos à inovação e à qualificação da escola pública. Assim se formarão cidadãos competentes, que esperamos poderão contribuir ao bem-estar da sua nação – e se tiveram que emigrar, terão qualificações para subsistir no estrangeiro.

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